quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Entrevistas com Michel Macedo (Glory Fate) e Roberto Ney (After Life)

É um prazer enorme escrever novamente aqui no blog pra vocês. Um blog de nós para nós mesmos.

Este mes que se passou, junto com o terceiro Madruga's Night, confeccionamos a segunda edição do nosso periódico zine, o Voices Of Transgression. Nele abordamos vários assuntos do tema regional e global. Aos poucos vou postando algumas partes aqui pra vocês, afinal ainda tem muita gente que não leu e quer comprar! Então vamos ao que interessa!

Entrevistas – Glory Fate, After Life e 18 anos da “Porão Rock” de Juazeiro do Norte

Tivemos nos meses passados várias oportunidades de vivenciar o rock no Iguatu, com o Madruga’s Night II e a Glory Fate e Hollywood no Delicatessen. Sem falar que as bandas daqui como After Life e Alarme Falso estiveram presentes também nos eventos. Tivermos também a oportunidade de ver o aniversário de 18 anos da Porão Rock no Juazeiro do Norte, do nosso amigo e colaborador Welson. Um viagem fantástica em que eu (Lucas Viana), Petrus Emmanuel, Domingos Maia, Bruno Marçal e vários outros amigos iguatuenses pudemos desfrutar. Além de muita cerveja como legítimos bangers vimos um evento estupendo com a Krenak (Death Metal de Fortaleza), Vanity (Death Metal Juazeiro do Norte), a Glory Fate e Cimeries, ambas muito conhecidas de todos aqui. Parabéns as bandas e ao Welson sempre lutando pelo Rock na região inteira. Vamos ao que interessa!

Entrevista com Michel Macedo (Glory Fate).

1) No começo tudo é difícil, o que foi mais duro para a Glory Fate no início de tudo?

Michel - Como o planeta inteiro, no inicio era o caos (risos), a GF já tem 18 anos, na época não havia como comprar instrumentos bons, não havia internet, e tínhamos q tirar as musicas voltando a fita cassete. Hoje em dia está tudo bem mais fácil, mas uma coisa não mudou o preconceito.
2) Você já é uma pessoa bem estabilizada financeiramente e socialmente. Mas você algum dia já pensou em viver somente de música viajando o Brasil todo, ou no fundo foi sempre um hobby levado a sério?
Michel – Bom... No começo claro que todo mundo sonha. É muito bom poder viver de um trabalho que se goste, hoje sou muito realizado com minha profissão. Uma das coisas que me desestimulou muito em viver de música ou de qualquer outra arte no Brasil, é essa política de panelinha, uma verdadeira máfia, muitas vezes para viver de arte é preciso ter coração de advogado (do diabo), e foi por isso também que eu desisti do curso de direito na metade.

3) A Glory Já veio tocar no Iguatu algumas vezes, uma delas promovida pelo iguatuense Salin Arrais. Quais são as conclusões que você pode tirar da cena iguatuense fazendo um comparativo de dez anos atrás, que foi o ultimo show de vocês por aqui?

Michel - Todos foram shows excelentes, uma coisa muito boa que vejo em Iguatu é que a cena parece nunca morrer, todas as vezes que vamos o público muda muito, pois muitas pessoas vão morar na capital ou outros Estados, mas o publico tem sempre se reciclado, em muitos lugares a cena praticamente morreu, não vejo isso acontecer em Iguatu, e espero que sirva de exemplo para outros lugares, afinal rock não é moda, é estilo de vida mesmo.

4) Como você vê a cena do Rock e Heavy Metal em Juazeiro do norte? Quais são suas opiniões acerca do movimento black/death metal praticado por muitos na sua cidade? Compactua com estas idéias?
Michel - Parafraseando a tradução do Led Zeppelin: Rock é Rock mesmo, não gosto muito de dividir e classificar as coisas, eu prefiro simplesmente diferenciar entre o que acho Bom e Ruim. Gosto praticamente de todos os estilos. Acho q a cena no Juazeiro se desmantelou um pouco por conta justamente dessa divisão, o que gerou até falta de respeito algumas vezes, é importante para se viver em paz perceber que a sua liberdade acaba onde começa a dos outros, então ninguém é melhor do que ninguém porque escuta determinado tipo de música, as pessoas precisam viver a sua individualidade e serem felizes, e pronto. Hoje não escuto muito black/death, mas já gostei muito de bandas como Morbid Angel, Entombed, Obituary, Sarcofago, Pungent Stench, etc.

5) Como você é de fora então não conhece a fundo os problemas que o Iguatu atravessa para conquistar público de rock, mas conhece a fundo o publico de rock em geral. Quais conselhos você daria e pra quem os daria?
Michel - Acreditar, lutar sem pensar em lucros – claro que se deve ter consciência para não ter prejuízo, mas é importante lutar pelo que gosta, eu mesmo nunca tive apoio da família para o lado musical, apesar de haver muitos músicos na mesma, mas é uma coisa que gosto e sempre me foquei nesse aspecto, hoje eu tenho o equipamento que sempre sonhei e adoro ensaiar, não importa se tem show marcado, fazer o que gosta não tem preço. É pra isso que se vive!

Um conselho que posso dar é tentar criar publico. Eu, como professor, sempre tento catequizar os alunos e mostrar o lado verdadeiro do rock. É preciso vencer o preconceito, hoje acho muito legal quando os pais acompanham os menores aos shows, muitos deles depois vêm agradecer e dizer que tinham uma imagem totalmente errada do movimento.
6) A Porão do Rock, do Welson, grande amigo nosso, está completando 18 anos de sucesso e muita batalha não só com o comércio, mas promovendo shows e o rock no juazeiro do norte. Qual o seu envolvimento com o Welson? Você viu o desenvolvimento da loja no começo?
Michel - Pois é... A loja surgiu junto com a banda, em 1992, e tem sido um grande parceiro durante todo esse tempo, Welson é um dos grandes responsáveis também pelo movimento, se não fosse por ele, talvez hoje em dia a gente só visse camisas pretas no Juazeiro no dia 20 de cada mês (dia da missa do Pe. Cicero). É bom ver q a loja cresceu, já tem uma filial, que a banda evoluiu e que o futuro demonstra que será bem promissor. Long Live Rock ‘n Roll!

Entrevistamos também o Roberto Ney, vocalista da After Life e idealizador de vários projetos aqui no Iguatu.

1) Roberto em que dia você se viu com um roqueiro? Como foram suas primeiras experiências? Decidiu aprender musicas logo no inicio ou foi meio que tardiamente? Roberto - cara, foi o seguinte, quando eu tinha 9 anos eu escutei um primo meu dizer que um colega dele tinha ganhado de presente um disco do Kiss, e que por isso ele tava sendo chamado de louco na escola ( coisa que ainda acontece nos dias de hoje, infelizmente ) não deu outra, fui pedir dinheiro ao meu pai e fui lá eu comprar o tal disco, quando eu ouvi achei horrível, e esse disco ficou guardado por muitos anos, nunca mais ouvi, só que em meados dos anos oitenta, com a expansão do metal pelo mundo, com a divulgação do rock in rio e devido a New Wave Of British Heavy Metal já bem alicerçada ficou bem mais fácil compreender aquela sonoridade que perdura na minha vida e da minha família ate os dias de hoje.

2) como você é antigo no rock aqui, como outros dinossauros com mais de 30 ou 35 anos, como voce viu o caminhar do rock aqui na cidade?, o começo, os bons tempo, os tempo ruins, e os atuais... Roberto - vou começar pelos anos ruins se é que se pode chamar assim, sempre existem coisas positivas naquilo que se gosta e eu nao vejo na historia do rock iguatuense muitas coisas negativas, apenas dificuldades com relação ao acesso a material fonográfico, na realidade todos nos ( na minha época ) éramos dependentes no que se refere a material tal como discos gravações etc... Pois as mesmas eram feitas ainda em fitas cassetes porque disco era muito caro e mesmo que vc tivesse o dinheiro ia ter que buscar em fortaleza ou comprar pelos correios, alguns discos eram importados e se tornavam ainda mais caros, a saída era o Adjacy (farias, sabbath, tabaco ) ele foi por muito tempo um passaporte entre a galera que gostava de rock e as bandas em si, gostaria de ressaltar também a importância do irmão dele o saudoso Adjair que muitas e muitas vezes parava seus afazeres estudantis pra gravar fitas pra galera, com relação a instrumentos era apenas um sonho distante, uma fortuna e não existiam lojas especializadas na região, o rock de Iguatu hoje vive a sua melhor época, são muitos eventos, pessoas como o Carlão e o Heber e o Fabio interessadas em realizar e divulgar eventos direcionados ao publico rocker, bandas de fora algumas ate renomadas tocando aqui, isso impulsiona o surgimento de novas bandas e o reaparecimento de outras, creio que a internet fez papel primordial nesse processo, reduziu as distancias e possibilitou o conhecimento e o armazenamento de informações que vem a contribuir para o crescimento da cena rock não só na cidade de Iguatu mas também no mundo inteiro, Iguatu tem tradição e sempre foi seleiro de ótimos músicos, hoje muitos desses músicos estão direcionando suas habilidades musicais também pro rock.

3) A sua banda After Life é a sua última montagem que deu certo. Antes foram muitas bandas e projetos, uns que não deram muito certo, outros bons mais que não vingaram sua passagem também pela antiga Opúsculo etc. Você aprendeu muito como lidar com músicos da cidade, mesmo o rock no Iguatu sendo ainda amador?

Roberto - na verdade a After Life começou como um subproduto, eu e o Weima recém saídos da Opúsculo resolvemos montar um novo projeto e contar com outros músicos pra nos acompanhar nessa nova jornada, ate então nunca tinha-se tentado buscar alguém pra tocar fora daquele grupo das antigas, eu mesmo sempre tive alguma resistência com relação aos caras da nova safra, mas o tempo mostrou que estávamos errados, haja vista que a cena ja tinha condições de fornecer esses músicos, então começamos a garimpar alguns caras, pra isso o estúdio que mantemos ate hoje na rua Santos Dumont teve papel fundamental, no começo nos alugávamos o espaço pra outras bandas,projetos etc... Foi lá que eu conheci o Alexandre, ótimo guitarrista que foi o primeiro guitarrista da After Life junto com Weima, e o bruno, baterista que foi posteriormente substituído pelo Alberto, ambos tocam comigo atualmente num projeto Hard Rock chamado The Dead Poets, faltava o nome, e foi justamente Weima que nunca fala nada que batizou a banda, After Life, o nome foi tirado de uma musica da banda Gamma Ray, eu, alem da opúsculo também ensaiei como vocalista uma ou duas veses com a primeira banda de metal do Iguatu, a Alcoólica, banda formada pelo Adjacy (baixo) Claudio Teixeira (guitarra) e Marcio “bundinha” (bateria) a Alcoólica teve muitas outras formações anteriormente, algumas vezes com ótimos músicos que por um motivo ou por outro acabavam deixando o Iguatu, caso do Walber Feitosa hoje projeto Void e do Paulo Helano que vive em Fortaleza e talvez tenha sido o primeiro guitarrista de metal aqui no Iguatu, lidar com os músicos não tem muito segredo não, guando o cara começa a faltar ensaio demais é porque ele não quer mais tocar, raramente alguém chega e diz que não vai mais tocar na banda, você então percebendo isso, respeita as idéias do cara e vai atrás de outro e toca o barco, sobre a cena amadora, ela é quem sustenta todo o resto é quem banca a festa, se acabar o amadorismo acaba tudo, é muito massa uma banda começando, um instrumento sempre mais alto que os demais, alguns desafinados, mas é dai que surgem as grandes bandas, a After Life conta hoje com a atual formação - Roberto Ney (vocal) Weima (guitarra) Publio (guitarra) Wenys (baixo) e Carlysson (bataria) agradeço também ao Francier, ao Rycario, ao Bruno Marçal, ao Marcel e a todos que de alguma forma deram sua parcela de contribuição pra After Life e pro rock iguatuense, deixo aqui os meus agradecimentos a comunidade rock Iguatu na pessoa do Lucas Viana que me procurou e espero ter ajudado a esclarecer dúvidas e contribuir pra cena rock local, grande abraço a todos!

2 comentários:

Anônimo disse...

(Carlysson)É isso aí meu amigo robertney,as dificuldades são grandes quando vem em falar em montar banda pra tocar metal,rock o que seja,mas aquela coisa ,quando se quer fazer uma coisa basta querer e persistir muito ,uma hora dar certo , e deu a afterlife hoje pelo tempo que toco bateria ta sendo para mim uma das bandas de metal que mais me indentifiquei, e estamos aí vamos trabalhar para ficar melhor ainda e mostrar que rock é cultura,agradeço a galera do blog e a todos que apoiam este movimento, pelo apoio que sempre vem dando ao cenario rock and roll de iguatu,conte comigo tambem nesta luta!

Lucas Viana disse...

pois eh isto ae, vlw pelo comment! hahaha força ae!!!